O Carrossel – Quebrar o Círculo Vicioso

Estar presente na Champions é muito bom para as finanças de um clube mas não é tudo

Está enraizada no universo do futebol a perceção de que estar presente na Champions é muito bom para as finanças de um clube, mas não é tudo! Até certo ponto isto corresponde à verdade, mas se a ida à Champions é condição necessária a essa saúde, torna-se imprescindível que tenhamos a noção que não é condição suficiente.

Exemplo do que escrevo é o Barcelona: está sempre presente na Champions, “que até” ganhou algumas, e que tem uma dívida acumulada monstruosa, estando a antecipar receitas futuras para continuar na senda dos gastos sumptuosos com transferências de jogadores inflacionadas e salários astronómicos. Também um dos nossos principais rivais, que clama ter feito mais de 800 milhões de euros em transferências nos últimos 10 anos, esteve curiosamente a contas com o fair-play financeiro.

 

Gestão do atual Conselho Diretivo do SCP

Creio que tudo isto deve ser uma grande chamada de atenção para o nosso Clube e para a forma como tem sido gerido por este Conselho Diretivo, gerando uma assustadora dívida de curto prazo, em que a dívida a fornecedores, de quase 100 milhões de euros, é a face mais visível.

Mesmo com o prémio avultado da Champions League o resultado do exercício, sem transferências de jogadores será muito próximo do zero, e só com as transferências será possível torná-lo positivo. É este o modelo que foi implementado: antecipar as receitas dos direitos televisivos (são já, nada mais nada menos, que 3 anos), não pagar a fornecedores (com os respetivos juros a correr, pois claro), enquanto se realizam compras por valores recorde com a agravante de terem contingências futuras (os famosos 50% sobre a venda).

Tudo feito ao modo “empurrar com a barriga” com a bênção do “Super Agente” que, a cada “ajuda”, tarifa os seus 10%, engordando a “armadilha da dívida” em que o Sporting Clube de Portugal vai caindo e perdendo, assim, a autonomia estratégica de se decidir de forma independente o que é melhor em termos desportivos e financeiros para a sustentabilidade do nosso Clube. Algo que seria facilmente etiquetado de “all-in”, se quem agora aprova esta política estivesse no papel de observador.

 

As vendas dos jogadores não diminuem a dívida

A cada aperto lá vem uma “ajuda”, que por sua vez traz consigo mais um jeitinho para encaixar um jogador do catálogo, a pagar em “suaves prestações” que, no final, facilmente somarão 10 ou 20 milhões de euros. Garante-se, desta forma, que o carrossel não parará e que, numa próxima oportunidade ou aflição, existirá um preço de venda mais em conta de um dos nossos melhores jogadores, mesmo que seja em véspera de um jogo importante.

Tem este Conselho Diretivo a oportunidade, e o dever perante os Sócios, de cortar este círculo vicioso em que está a enlear o Sporting. Pegue-se no dinheiro a receber, paguem-se os “favores” em cash e não em jeitinhos ao catálogo do “Super Agente”, e aposte-se efetivamente na formação, indo para lá do floreado de bater recordes do mais jovem jogador de sempre em campo.

Pegue-se, então, no dinheiro desta venda, pague-se aos fornecedores abatendo-se, assim, a dívida, e lance-se mão da formação. O Sporting Clube de Portugal e os seus Sócios agradecem.

#PeloMeuSporting

Nuno Sousa

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