A Ação de Dirigir/Coordenar e o Procedimento Técnico

Pedro Ramos, sócio nº9608.0

Uma metodologia inadequada assim como exercícios de treino desadequados, são mais perniciosos que a ausência de prática desportiva continuada.

A complexidade do desenvolvimento da metodologia do ato de Coordenação e do ato Técnico decorre de forma indubitável da faculdade do saber teórico-prático que provém da interação de três razões fundamentais na ação pedagógica-profissional de um Diretor/Coordenador Desportivo e de um Treinador:

  1. o progresso da modalidade desportiva em análise;
  2. a forma como os praticantes aprendem, progridem e a prestação desportiva se aprimora;
  3. o exercício de treino circunscrito como uma estrutura capaz de compor e direcionar a atividade rumo a um objetivo.

Assim, o exercício de treino é um meio que se confina como um dos mais importantes da atividade do Treinador Principal.

Ora, se é um meio fundamental desta atividade profissional deve-se ter para com este um respeito, uma meditação, um estudo íntimo tendente com a sua real relevância, não só na ação profissional da Direção Desportiva como a do Treinador Principal, como também no processo de formação/desenvolvimento das crianças, dos jovens praticantes e dos atletas altamente profissionalizados ou das equipas.

Seja qual for o escalão etário ou os níveis de profissionalização, o treino não pode ser baseado na cópia, na repetição cega, na aplicação de formas e métodos de exercitação que numa certa circunstância exibem “bons resultados”, na aceitação de padrões desusados e sem solidez face aos novos reptos que o treino e a competição desportiva patenteiam.

Deve-se ter presente, no método de evolução desportiva, que cada ato de coordenação ou técnico, que cada unidade de treino, que cada microciclo de treinamento, que cada período do processo anual Coordenativo ou de Treino ou cada planeamento metodológico anual das vivacidades, deve ser olhado tanto pelo Diretor Desportivo, como pelo Técnico Principal, como pelas crianças, jovens praticantes e pelos atletas altamente profissionalizados como ensejos únicos de aprender, desenvolver ou perfectibilizar.

Com efeito, uma das funções essenciais do binómio técnico/praticante é que cada exercício de treino não seja meramente mais um exercício de treino. Cada unidade de treino não é exclusivamente mais uma UT (leia-se, unidade de treino). Pelo contrário, qualquer uma destas unidades da razão de programação e planeamento do método de treinamento necessitam ser olhadas como mais uma ocasião que conduzirá inapelavelmente o praticante, ou a equipa para um desenvolvimento desportivo considerável, duradouro e suportada no futuro.

Assim, e em conciliação com o atrás exposto, retorno ao íntimo primário para que o exercício de treinamento físico ou técnico seja olhado, refletido, analisado e utilizado como uma personalidade, uma proximidade e uma harmonia operante, abrangendo assim, todas as componentes substanciais e importantíssimas para se estabelecer como ferramenta operacional para vencer fronteiras e pelo qual se logrará arquitetar os sucessos sobre os opositores e alcançar as tão apetecidas vitórias.

É com esta dedicação intencional, ajuizada e arrebatada que se arriscará materializar um perseverante propósito, pela observância intransigente, metódica, racional e compreensível do ciclo do exercício de preparação que:

  • Germina da sensatez intelectual do Treinador Principal na pesquisa dos melhores meios para elevar as competências (motoras) desportivas.
  • Existe durante o tempo da sua assiduidade na qual o atleta tem de honrar as suas incumbências para reforçar uma perseverante atitude motora própria.
  • Perece logo após o términus da sua concretização, deixando, no entanto, a sua existência traduzida nos efeitos de origem interna que se produz no praticante a curto, médio ou longo prazo.
  • Renasce transversalmente da persistente e disciplinada aplicação do mesmo ou de outros exercícios de carácter mais complexo que se aperfeiçoam na base dos primeiros.
  • Autorregenera-se devido à necessidade de se estudar os seus efeitos (de carácter positivo ou negativo) para que se compreenda a que nível qualitativo e quantitativo se interveio na elevação, manutenção, ou mesmo redução da capacidade de prestação desportiva da criança, do jovem praticante ou de atletas altamente profissionalizados.

Que fique aqui bem claro: um Diretor Desportivo/Coordenador Técnico que determine e  empregue uma metodologia inadequada, assim como exercícios de treino desadequados, pode levar a criança, o jovem praticante e o atleta altamente profissionalizado a um estado físico imperfeito e em alguns casos irreversível, também é verdade para um Treinador Principal (e que isto fique na consciência de todos) o concebimento e aplicação desadequada de exercícios de treinamento a crianças, jovens praticantes, bem como a atletas altamente profissionalizados, em condições deficitárias é muito mais pernicioso (ainda que, não tão observável em tempo real, mas sim mais tarde) que a própria ausência de uma qualquer prática desportiva continuada.

#PeloMeuSporting
Pedro Ramos, sócio nº9608.0

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