Na Análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD (parte 5) vamos olhar atentamente para o Passivo. O Passivo representa a fotografia de todas as responsabilidades assumidas pela SAD. Deverão ser pagas no curto prazo, menos de 12 meses (passivo corrente), ou a médio e longo prazo, a mais de 1 ano de distância (passivo não corrente).
Passivo: mais um triste recorde
Na análise atenta ao Passivo é notório que a bolha da dívida está a encher. Mas, se dúvidas ainda existem sobre este estar em crescendo, consulte-se o mapa da página 179 do Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD que estas dissipam-se inquestionavelmente.
Para ficar claro, no espaço de apenas um ano os compromissos assumidos e calendarizados com fornecedores e credores aumentaram 98M€. Mais um recorde: dos 267M€ em 2021 passa-se para 365M€ em junho de 2022.
Compromissos para a época de 2022/23
Durante a época de 2022/23, ou seja, durante o atual ano desportivo que findará em junho de 2023, existem já 145M€ em compromissos assumidos. Estes compromissos resultam da exploração da atividade dos anos anteriores, aos quais se juntam os Gastos Operacionais Correntes da época em curso, que, como visto, somam cerca de 100M€.
Para fazer frente a estes compromissos, há que contar com uma boa participação na UCL, que valha um valor de proveitos semelhante ao da época passada (120M€). A estes dever-se-á somar o valor líquido da venda de jogadores realizadas e recebidas durante este ano dos respetivos clientes, sem esquecer de retirar o valor dos Direitos Televisivos , já antecipados.
Assim, existe, no mínimo, um défice de Tesouraria de cerca de 50M€, sem incluir a necessidade de investimento em reforços e assumindo-se uma prestação idêntica da equipa de futebol masculino do Sporting na UCL, que terá de ser colmatado com:
a) a venda de jogadores
b) empurrando o pagamento novamente para os anos seguintes, o que será, mais uma vez, acrescido de juros e eventuais penalizações por incumprimento contratual.
Os próximos anos
Se a análise se atentasse apenas ao próximo ano ficaria por aqui. No entanto, se se pretender analisar os anos seguintes, a situação não melhora, pois, no médio prazo, ou seja, nos anos seguintes existem já 213M€ de compromissos assumidos.
Admitindo uma divisão uniforme pelos 5 anos, o que não será assim na realidade pois, seguramente, o compromisso nos primeiros anos é maior e ainda será acrescido pelo défice de exploração anual, existirá, no mínimo e no melhor plano de gestão, 42M€/ano de pagamentos já assumidos.
Nesta simples análise às demonstrações financeiras presentes no Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD conclui-se que:
– os Gastos Operacionais excedem largamente os Rendimentos Operacionais (os considerados mais ou menos certos)
– em termos de cash-flow “não há nem um euro e que tudo está esticadinho”.
Obrigado, Rúben Amorim, em primeiro lugar pela compreensão e em segundo pela sinceridade e coragem da revelação, já que quem de direito continua a preferir narrativas fantasiosas à verdade dos factos.
#PeloMeuSporting