Análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD (parte 4)

Nesta análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD (parte 4) vamos olhar atentamente para a tesouraria.

Uma das regras da gestão financeira é que o “cash is king”. Já dizia Jack Welch, considerado o melhor gestor do século XX e líder da General Electric (GE), que bastava o acesso a três mapas para avaliar uma empresa: mapa da satisfação dos clientes, mapa da satisfação dos colaboradores e o mapa de cash-flow.

Vamos então analisar o mapa, que está na página 109 do Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD, com a Demonstração dos Fluxos de Caixa.

  

Tesouraria – 50 milhões de euros de déficit operacional

Sucintamente: o déficit de Tesouraria é enorme.

As rubricas FSE e Gastos Com Pessoal, em conjunto, representam cerca de 100M€ de Gastos Operacionais, sendo 70M€ em salários e 30M€ em FSE. Estes valores   têm mesmo que ser pagos em cash, pontualmente, sem se poder usar a fórmula de “empurrar com a barriga”, tão querida da atual Direção.

Sabemos que, do lado das entradas de cash, os Direitos Televisivos já foram antecipados numa operação de financiamento. Sabemos que o prémio de entrada na UCL já tinha sido antecipado e consumido no final da época de 2020/21. Por isso, consegue-se facilmente atingir os 50M€ de déficit de cash gerado pela gestão durante a época de 2021/22 no ciclo operacional.

No mínimo, com o atual modelo de gestão seguido por esta Direção, para que não fique tudo ainda mais no vermelho há que:
– Garantir sempre a qualificação da equipa de futebol para a fase a eliminar na UCL
– Vender ativos, por valores acima dos que são incorridos a cada ano com o reforço do plantel (compra de ativos)

Tal não aconteceu na época 2021/22 conforme é visível no resultado do ciclo de investimento: entraram 45M€ e saíram (os mesmos) 45M€.

 

Consequências do modelo de gestão da atual Direção

 Este modelo de gestão implementado pela atual Direção tem trazido dificuldades à tesouraria. E não esqueçamos as necessidades de pagar juros, fazer novos investimentos e, principalmente, pagar dívidas contraídas em anos anteriores.

Ou seja, hoje há que fazer face ao maior passivo de sempre: 336M€ correspondentes a mais um recorde inconveniente e do qual não há divulgação, nem high-lights no relatório.

Depois disto, fica clara a incapacidade que esta Direção revela em reter talentos e a necessidade constante de vender sem olhar a quem, a como e nem mesmo ao por quanto, pois quando a caixa está vazia não há como ser de outra forma.

Pela análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD, a priori, o cenário até poderia não ser um grande problema, se não estivesse subjacente a repetição anual deste ciclo. Só com muita boa vontade se pode acreditar que a forma de gerir desta Direção se vai alterar ou que o Clube conseguirá manter sempre a boa performance desportiva na UCL, ao mesmo tempo que os jogadores nos quadros conseguirão garantir em cada época cerca de 70M€ em mais-valias líquidas de compras.

 

Mapa de Demonstração dos Fluxos de Caixa

Como já referido, na página 109 do Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD existe o mapa Demonstração dos Fluxos de Caixa. Este mostra bem o déficit de tesouraria, discriminando todas as entradas e saídas de dinheiro da Sporting SAD. Este é o mapa a consultar sempre, especialmente quando o tempo de análise escasseia. Este mapa resume sucintamente as origens e aplicações do dinheiro movimentado.

No presente Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD verifica-se que as atividades operacionais em 2022 geraram um fluxo negativo, traduzido num déficit de cash de 53M€.

Como se resolveu esta situação?

Fácil! Recorrendo-se ao endividamento, como explícito na análise dos fluxos de atividades de financiamento que revelam um valor positivo de 50M€. A parte restante, cerca de 4,75M€, foi coberta pelo dinheiro existente em caixa no início da época, já que pelo ciclo de investimento,  como já referido, o dinheiro que entrou pela venda de jogadores foi igual ao montante que se teve que pagar.

#PeloMeuSporting

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