Nesta análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD (parte 3) vamos detalhar os Gastos Operacionais, nas suas duas mais importantes rubricas: os Gastos com Pessoal e os Fornecimentos e Serviços Externos, onde se bateu mais um recorde.
Gastos Operacionais: mais recordes
Nos Fornecimentos e Serviços Externos (FSE) houve um aumento de 10,2M€ face ao período homólogo. Passou-se de 19,7M€ para 29,9M€, um recorde absoluto que também vai para a categoria daqueles que não são anunciados pela atual direção.
Esta variação e este valor total mostram o quão “atrevida” é a afirmação de Frederico Varandas de que “antes os custos eram pesadíssimos”.
Para se perceber melhor o “atrevimento”, compara-se o anterior recorde de gastos com FSE, datado de 2018, com os gastos de mais 7,5M€ em 2021/22. Em 2018, o total de FSE situou-se nos 22,5M€.
Gastos com Pessoal
Gastos com o Pessoal é a rubrica que regista a massa salarial e é o mais importante Gasto Operacional. Nesta, verifica-se um crescimento de 5,9M€ face ao ano anterior. Ou seja, 67M€ contra os 61,9M€ de 2021.
Note-se que há um valor de 2,39M€, com um impacto positivo que merecia melhor explicação. Ou seja, este valor, que baixa os custos deste ano, é uma reversão relativa aos fundos de pensões que por caducidade de contratos de trabalho são “devolvidos” às contas. Provavelmente são situações que estavam congeladas nas contas e que agora foram corrigidas, mas é um evento que não se voltará a repetir.
Sem esta reversão, que naturalmente é “extraordinária”, e acrescentando o gasto de 3,7M€ com os empréstimos de Sarabia e Virginia, o valor dos Gastos com o Pessoal seria de 73,1M€. Este valor está muito perto do recorde em 2018 que foi de 73,8M€.
Este valor está muito longe do afirmado nas repetidas promessas da atual Direção, que enchem capas de jornais com anúncios de poupanças, que dizem permitir reduzir dezenas de milhões de euros aos salários, mas que não passam de propaganda. As contas não se fazem como dizem, nem a realidade dos números pode ser destronada pela fantasia anunciada pela gestão e transmitida pela propaganda.
O falhanço do objetivo desportivo na última jornada do campeonato nacional de futebol masculino de 2017/8 levou a que os Gastos com o Pessoal e o investimento nesse plantel (abaixo do da atual época) fosse considerado um all-in pela atual Direção. Estarão neste momento a assumir um risco idêntico, senão mesmo superior?
A principal diferença parece estar na aplicação desses montantes. Na análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD (parte 3), os quadros ressaltam que: em 2018 o gasto em salários de jogadores tinha maior preponderância; em 2022 existe um pendor maior nas equipas técnicas, que quase dobraram os seus efetivos; a rubrica “Outros” também quase dobrou. Porém, o número de jogadores de futebol profissional manteve-se praticamente inalterado.
Número Médio de Colaboradores: uma análise mais fácil
Na rubrica Número Médio de Colaboradores a análise é mais fácil de fazer.
Existem mais 149 colaboradores que em 2018, dos quais (apenas) 3 são jogadores, 16 são treinadores e 130 são colaboradores. Um recorde digno de registo pelo peso da estrutura ser tão grande em comparação com a quantidade de jogadores. Atualmente há 2,8 pessoas a trabalhar na estrutura por cada jogador do quadro profissional. Em 2018 o rácio era 1,7.
Estes números levantam questões de produtividade, pois com mais recursos (humanos e serviços externos) os resultados financeiros são praticamente iguais.
Resumindo
Relembrando, é fácil aumentar os recursos utilizados e os gastos. O complicado é quando as circunstâncias forçam a reduzir, ou quando os Proveitos descem por força do menor rendimento desportivo. Ao contrário do anunciado não houve uma diminuição dos custos e a estrutura tem aumentado, embora pelo meio até tenha havido despedimentos.
Estaremos, mesmo, com uma estrutura de custos mais leve e no passado era essa estrutura pesadíssima?
A análise crua dos números não parecem confirmar esse spin.
#PeloMeuSporting