É preocupante a crescente ausência de Adeptos do SCP no Estádio José Alvalade e no Pavilhão João Rocha, uma realidade que já não nos é estranha.
2013 a 2018
Em 2013, o tristemente célebre 7º lugar no campeonato foi o clímax de um período de grande desmotivação dos sportinguistas, com uma crescente ausência de Adeptos do SCP no Estádio José de Alvalade. Conseguimos dar a volta e até 2018 vivemos tempos de verdadeiro fervor clubístico e de agregação, participação e comparência dos Adeptos SCP no Estádio, numa média de cerca de 40.000 pessoas por jogo.
Pelo seu lado, em 2018 o Pavilhão João Rocha apresentava-se quase sempre cheio nos jogos importantes, nacionais e internacionais, e nas assembleias gerais. Não esquecer também os jogos fora de “casa” e outros eventos promovidos pelo Clube.
Mas, 2018 foi também o ano em que todos os Sócios e Adeptos do Sporting Clube de Portugal foram violentados pela tristemente célebre invasão da Academia de Alcochete e de tudo o que adveio desse acontecimento. Desde essa data, na minha opinião, iniciou-se um processo de rutura, que se mantém até aos dias de hoje.
Rutura permanece
Essa rutura entre os Adeptos aconteceu e permanece, não só potencializada externamente e com motivos obscuros, mas também por razões internas que muito têm contribuído para as fraquíssimas assistências dos Sportinguistas nas bancadas, que temos vindo a observar no Estádio e no Pavilhão. Como exemplo, veja-se o último jogo de futebol profissional para a Liga Europa e a assistência média nos jogos da Liga; ou no Pavilhão para o jogo da Taça de Portugal de hóquei em patins contra o nosso rival da segunda circular.
Todos nós ouvimos as palavras que o nosso jogador de futebol Paulinho proferiu à equipa de arbitragem, e pelas quais foi suspenso em dois jogos adicionais à sua exclusão do jogo.
Goste-se mais ou menos do Paulinho como jogador, a verdade é que cada um de nós, enquanto Adepto, se revê no proferido (não na ofensa!) do Paulinho. Porque uma coisa é os Adeptos referirem a palavra “corrupção” associada a determinados jogos e decisões de intervenientes desportivos, outra é quando são os próprios jogadores a sentirem-se desconfortáveis na profissão que escolheram. Isso já é deveras preocupante e merece que, esse e outros fatores de influência que contribuem para a ausência de público sportinguista nos nossos recintos desportivos, sejam analisados.
As razões para a crescente ausência de Adeptos do SCP no Estádio José Alvalade e no Pavilhão João Rocha, e da sua progressividade negativa, são o que tentarei dissecar nas próximas semanas, neste espaço de opinião. Assim, proponho uma análise de cada um dos fatores de influência interna e externa que têm contribuído para esta lamentável realidade.
Fatores internos
Nos fatores internos ressalvo:
- alto valor dos bilhetes
- desmotivação generalizada dos Sócios e Adeptos
- pouca transparência da gestão da Direção atual
- falta de discussão interna sobre os problemas do Clube
- gestão orientada para as gerações mais velhas e não para o futuro, que são os jovens, que são os maiores participantes na vida do Clube mas que não se reveem nas políticas da Direção atual
- falta de união entre os Sócios e Adeptos
- inexistência de relação entre o Clube e os grupos organizados de Adeptos
- pouca promoção das modalidades
- espetáculos pouco motivantes em virtude da perda de qualidade das equipas ao longo dos últimos anos
- desinvestimento na equipa de futebol e nas modalidades
- falta de ambiente envolvente: as claques fazem muita falta (que saudades tenho das coreografias originais com bandeiras, tarjas de apoio às equipas, cânticos, entre outros)
- falta de políticas de atração dos Adeptos e da sua conversão em Sócios
- ausência de criatividade participativa e, por “arrastamento”, das suas famílias
Fatores externos
Quanto aos externos e estruturais:
- a perda progressiva de poder de compra dos portugueses
- o agendamento tardio dos jogos
- as inúmeras transmissões televisivas
- as péssimas arbitragens dos jogos em resultado de políticas de “contratação” duvidosas de jovens árbitros pelas diversas associações distritais ao longo dos anos
- as sucessivas perdas de tempo dos jogadores e a sua reiterada tentativa de enganar os árbitros
- fatores conjunturais (assim quero crer!), como o ambiente de suspeição e de aparente impunidade que se vive no desporto (mas não só!) em Portugal
Como alguém escreveu, todos estes fatores tornam o desporto em Portugal “desonrado, feio e pouco cavalheiresco!”.
Esta é a opinião do Gestor e Administrador Hospitalar Carlos Mateus Gomes, Sócio 4.847, desde 1978 e com Gamebox há 14 anos