Relatório e Contas 2021/2022 do Sporting CP: Um relatório que tinha tudo para ser perfeito
No Relatório e Contas 2021/2022 do Sporting CP podemos ver:
- Como nunca tínhamos visto, um resultado líquido positivo de 13M€.
- Reconhecida a recompra dos VMOC do BCP por 14,1M€, que permitem um controlo acionista maior da SAD pelo Clube.
- A dívida ao BCP foi regularizada e com uma elevada mais-valia de 12M€, que basicamente contribuiu para o lucro registado.
- Pela primeira vez em muitos anos o débito à SAD de 2M€ em royalties pela utilização da marca, tal como era reclamado pelo “Pelo Meu Sporting” no programa eleitoral da Lista C.
Só que há coisas que nunca devemos de abdicar:
- Transparência.
- Comunicação clara.
- Respeito pelos Sócios do Sporting Clube de Portugal.
- Respeito pelos estatutos.
Por isso perde-se aqui mais uma oportunidade, pois tem que se fazer referência obrigatória à opacidade em que se transformou a gestão do nosso Clube. Se mais provas fossem necessárias, basta olhar com alguma atenção para o recente relatório e contas que contém factos demasiado importantes para não terem merecido o cabal esclarecimento dos Sócios.
O Clube completamente refém da SAD e dependente da antecipação de receitas
Não houve, não há, nem vai haver explicação sobre o processo de aquisição dos VMOC e da complementar (e obrigatória) liquidação da dívida bancária ao BCP. No entanto, ficamos agora a saber que a empresa do Grupo Sporting, a Plataformas, que devia ao Clube 12,2M€, agora é credora do clube. Ou seja, o Clube deve agora 8,8M€ à Plataformas.
Uma brutal variação de 21M€. Ora, sabendo que a principal receita da Plataformas é a distribuição da SportingTv, facilmente se percebe a razão de recentemente ter havido a necessidade de antecipar mais uma generosa fatia do contrato da NOS.
A dívida do Clube à SAD também aumentou e isto apesar do débito dos 2M€ em royalties já referidos. Ou seja, agora a dívida é de 21,6M€, o que corresponde a um aumento de 1,5M€.
Em resumo, as dívidas ascendem a mais de 30M€, à Plataformas e à SAD. Estas dívidas foram geradas em grande parte da antecipação de receitas futuras e ao arrepio da obrigação estatutária de obter autorização dos Sócios em Assembleia Geral.
Desta vez, o Conselho Diretivo nem se atreveu a tentar justificar o incumprimento da obrigação estatutária. É que nem tentaram desculpar este enorme endividamento com a comunicação, envergonhada, de este resultar de movimentos intragrupo, com compensação entre contas do Grupo.
Como vai o Clube sobreviver tendo já tão importantes receitas adiantadas?
Extinguindo mais algumas modalidades? Diminuindo a competitividade de outras?
Não há, não houve e nem vai haver explicação sobre os critérios e eventual protocolo feito com a SAD que possa fundamentar para futuro o valor do débito de royalties.
Lembramos que este valor nem sequer estava previsto no orçamento da época 2021/22 aprovado pelos Sócios. É estranho, mas aparece agora no Relatório e Contas 2021/2022 do Sporting CP, como que caído do céu, após reivindicação do Pelo Meu Sporting no seu programa eleitoral, e pela óbvia necessidade de não amplificar, ainda mais, a dependência de financiamento para a manutenção das atividades correntes, que têm um evidente déficit de tesouraria. Este déficit é, e bem, comunicado pelo CFeD no seu parecer sobre as contas.
Por ti. Por nós. #PeloMeuSporting