A nossa análise ao Relatório & Contas 2021/2022 – Sporting SAD termina com este oitavo texto, no qual apresentamos as notas finais a este relatório da SAD do Sporting Clube de Portugal, olhando para a partilha de passes e das futuras mais-valias.
Da partilha de passes de Godinho Lopes às contingências futuras de Frederico Varandas
O nosso Sporting Clube de Portugal já foi o grande defensor de se acabar com as partilhas de passes e com as interferências de fundos, mais ou menos obscuros, na gestão dos ativos da SAD.
Isso foi em tempos. Hoje, este não é mais um recorde negativo desta Direção, pois é muito difícil fazer pior que a Direção presidida por Godinho Lopes. Porém, a lista dos passivos contingentes é cada vez mais extensa. Não deixa de ser assinalável que, e quando dependemos cada vez mais da necessidade de no final de cada época vender os jogadores que se destacam e que têm mercado, estejamos a partilhar em crescendo, as mais valias daquilo que estamos a valorizar, sendo que assumimos o custo salarial por inteiro.
Critérios de performance para remuneração variável
Não queremos aqui abordar as remunerações da gestão e a sua da falta de aprovação pelos Sócios, pois, é conversa já por demais versada. Vamos antes referir a existência de ponderadores e indicadores da remuneração variável.
Existe um ponderador negativo que apenas se utiliza se ficarmos em 4º lugar ou abaixo. Este ponderador serve para o apuramento da remuneração variável relativa ao incumprimento dos objetivos desportivos. Estes objetivos são criticáveis de existirem para quem tem responsabilidades na gestão geral da sociedade. Porém, este ponderador negativo relativo não existe quando os objetivos financeiros falham. Ou seja, em caso de um resultado líquido negativo, esse ponderador deveria reduzir substancialmente ou eliminar por completo a remuneração variável.
Não é embirração, mas ver que a conquista de um título ou o apuramento para UCL é merecedor de um prémio à gestão mesmo que à custa de contas no negativo, é dar um incentivo e um convite à apresentação de um prejuízo por via dos tão criticados all-in.
Notas finais:
1)Capitais próprios negativos
Não abordamos os capitais próprios negativos estimados em -16M€. Estes só tema, tal como as dificuldades financeiras que já se perspetivam, no dia em que forem capa de certo jornal, seguida de oráculos na TV.
2) Negócio com o FCP, recompra dos VMOC, dívida ao MillenniumBCP
Também terá de ficar para outra oportunidade a questão do negócio com o FCP, ou mais um recorde de juros anuais pagos (+12M€); a abordagem à recompra dos VMOC; e a liquidação da dívida bancária ao MillenniumBCP que tem tanto que se lhe diga.
3) Tendência para o crescimento da dívida
Sabemos que uma previsão pode falhar, mas a tendência está lá. Desejamos poder festejar o sucesso desportivo e a satisfação de o mercado de transferências pagar o necessário para se continuar, todos os anos. Mas também necessitamos ser realistas e alertar para o facto de que se esta Direção continuar a encher a bolha da dívida, então, caso os resultados corram menos bem, o impacto da aterragem vai ser forte.
Em março de 2021, após analise das contas do 1º semestre, elaboraram-se alguns mapas com a projeção da evolução de algumas rubricas que necessitamos de reduzir para os anos seguintes. Agora, no final da época de 2021/22, como se pode verificar, a existir algum erro de estimativa, esse erro é por defeito e não por excesso.
4) Os perigos das opiniões de “peritos
É sempre bom relembrar que em época de comunicação das contas à CMVM, é uso recuperar a opinião de um ou outro “perito” que domina o tema. Dizem-se especialistas catedráticos na área do governance e do project finance. É o caso de João Duque que, quando em 2012 pertencia ao Conselho Fiscal dos Órgãos Sociais de Godinho Lopes não via nada de errado nas contas, mas agora classifica as contas da gestão de Frederico Varandas como “ótimas”.
Compromisso #PeloMeuSporting
Reafirmamos que estivemos, estamos e estaremos disponíveis para defender estas análises com a verdade dos factos. Não temos a pretensão de ser simpáticos, omissos, silenciosos ou coniventes com um dourar de pílula que nos permita angariar seguidores ou futuros proveitos.
As análises que realizamos retiraram tempo de lazer e à família, mas fizemo-lo livremente, apenas baseados nos conhecimentos académicos e profissionais. Foi salientado apenas aquilo que os números nos contam e na certeza de dever cumprido.
#PeloMeuSporting